quinta-feira, 26 de maio de 2011

Outsider


Desde que me lembro, sempre me senti uma outsider.
Talvez pelo facto de ser filha única e de ter passado grande parte da minha vida comigo mesma, a busca pelo meu Eu mais intrínseco tornou-se no objectivo da minha existência.
Este estado de introspecção transportou-me através de uma viagem emocional sem retorno. Tenho uma forma de ver, tocar, respirar, saborear e viver a vida muito própria. Muito minha.
Recordo-me que quando tive o primeiro contacto com a poesia de Fernando Pessoa senti que tinha encontrado alguém que conseguia relatar na perfeição aquilo que eu experienciava mas não conseguia exprimir. Foi um ponto de viragem. Nunca mais voltei a sentir-me sozinha. Alguém, algures no espaço e no tempo, conheceu a minha inquietação.
No que diz respeito às minhas opções académicas, os meus interesses caminhavam todos na mesma direcção. As áreas que me permitissem transmitir e extravasar o meu mundo interior tais como a literatura, a poesia, a pintura e a escultura estavam e continuam a estar no meu pódio de preferências. Matriculei-me em Artes e foram três anos de auto-conhecimento e aprendizagem únicos. Não seria a pessoa que sou hoje se não os tivesse vivido da forma pura e intensa como vivi.
Mas a razão acabou por se impor ao coração. Terminado o secundário, candidatei-me ao curso de Comunicação Social, uma opção um pouco mais racional e onde achava eu, poderia continuar a exprimir-me, a dar voz ao Eu , ao Tu, ao Nós...Acabei por descobrir que o mundo que julgava ser de todos não era o mesmo em que eu vivia. Ainda que não tenha sido a escolha mais fácil, optei por continuar a viver no meu.
Hoje vejo o mundo através dos olhos de uma criança, os olhos mais belos que alguma vez contemplei, os do meu filho, que do alto dos seus 3 anos me mostra todos os dias que o valor da vida está nas coisas mais simples.
E eu viverei eternamente pela mão deste pequeno grande ser que tanto amo através do amor incondicional que lhe dedico.

2 comentários:

  1. Adorei o post,tu escreves lindamente e comunicas de uma forma única,muito bonita.
    Eu adoro os teus comentários,já não vivo sem eles,ihih.
    Estudaste artes?!!!Fantástico!Olha eu não te conheço,só mesmo daqui do blogue mas sempre te associei um bocadinho à minha irmã,não sei.. até pela foto de perfil és parecida..ela tem gostos mt parecidos aos teus e estudou arte,ainda hoje faz pinturas..ela é arquiteta mas adora a literatura e Fernando Pessoa,..tb tem a tua idade..deve ser por isso que identifiquei-me tão rápido com o teu blogue..
    *Também me tornei muito mais feliz e descomplicada desde que fui mãe,só quem tem filhos é que percebe realmente essa mudança na forma de ver o mundo.
    Bjs***

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  2. Sim e verdade tudo nesta vida fica menos complicado quando olhamos para os nossos filhos e eles sorriem para nós!!!!a minha filha mudou-me completamente,passamos muito tempo sozinhas e cada vez a amo mais e tudo nesta vida mudou.....a ingenuidade deles e a coisa mais linda que podemos observar...gostei muito do post e agora percebo a tua calma;)
    Bjos amiga

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